Era uma vez uma futura maratonista com um sonho muito distante de completar os 42.195 km. Tudo começou em 2008 com uma vontade de mudar de vida e transformar lazer em benefício estético e psicológico. As pequenas corridas foram completadas e os objetivos sempre aumentando. Em julho de 2010 tudo mudou, virei maratonista e comecei a sonhar com as ultras distâncias. Em julho de 2012 virei oficialmente Ultra e agora planejo futuras distâncias que me desafiem cada vez mais. Me descobri desesperadoramente apaixonada por km's.

Agora tenho o ano de 2013 inteiro para fazer o que for preciso para quem sabe ser aceita na BR 135 Solo em 2014. Trabalha e Confia!


Carrego no peito as medalhas e na memória os melhores momentos da minha vida.

Próximos desafios:

03 de Novembro de 2013 - Maratona

quarta-feira, 25 de abril de 2012

ultra MARATONA DE PARIS 2012

Chegou o grande dia, dia em que acompanhei de perto todos os minutos a realização de um grande sonho da minha mãe. Agora sim ela é uma Maratonista!

Engraçado como os nossos sonhos surgem, se modificam e se aprimoram com o tempo. Quem diria que um dia ouviria da minha mãe em tão pouco tempo dizer que completar uma maratona era um sonho, tenho curiosidade nessas coisas, porque o meu sonho de completar uma maratona veio muito antes de começar a correr, e o dela não, veio depois de começar. E essa diferença não o fez menos ou mais importante que o meu, a emoção foi a mesma, a vontade de se superar foi a mesma, quem sabe até melhor, não sei. Só sei que delírios a parte, foi definitivamente um experiência intrigante e maravilhosa ir tão longe para completar uma maratona com ela independente dos meus objetivos pessoais sendo eu uma iniciante nesse mundo da corrida e não uma veterana experiente. A minha única experiência posso dizer que é a de tentar motivar, e foi isso que fiz ao longo de 42 Km, usei toda a minha pouca habilidade persuasiva (acho que é pouca) para mante-la mentalmente motivada e fisicamente bem.

Particularmete estava muito ansiosa e preocupada. Por sonseira minha aluguei um apartamento no quarto andar sem elevador, então posso dizer que pelas minhas contas um dia antes da prova subi o equivalente a um prédio de 12 andares, tentei poupar a minha mãe o máximo que pude, mas é claro que quem vai para Paris não faz uma Maratona e sim uma ultramaratona, já que a longa fila da entrega do Kits é inevitável, algo em torno de 2, 3 horas em pé um dia antes da prova no frio, sem contar as escadas dos metrôs, etc, etc. Já conhecia um pouco a cidade, então ai estava o motivo da minha apreensão. Mas tudo correu bem, mesmo um pouco cansada (queria ter ficado zero bala) minha mãe estava bem. No dia da prova, acordamos com um frio danado, algo entre 3 e 5 graus, tempo nublado e vento gelado e forte. Acormados as 7hs já que a largada era as 8:45 e estavamos apenas três estações do metrô da largada. Errei!!! Fui tarde!!!

Querendo nos poupar do frio, cheguei com apenas 45 minutos de antecedência da largada e não tinha estudado onde era os lockers para guardar o que tinha levado, errei 2 vezes (por não ter estudado onde ficava o bendito do negócio, e por ter levado a merda da mochila já que nunca carrego isso, deve ser por isso que não estudei onde ficava aquela coisa). Com a boa vontade de um brasileiro que me parecia falar muito bem francês, me ajudou e me indicou o caminho errado (sério, foi boa vontade mesmo, talvez ele não tivesse mesmo é senso de direção), resumo da ópera, larguei minha mãe num buraco na chique parede da Louis Vuitton para protege-la do frio e comecei a minha insana busca pelo bendito armário. Encurtando a história, me xinguei, xinguei a organização, chorei com frio, com medo da minha mãe perdei a largada e corri cerca de 30 minutos para achar o bendito armário que fica na chegada lá na P... Beleza, quando coloquei a mochila tinha 15 minutos para chegar até mamãe, dei um super sprint e quando percebi que ia dar tempo comecei a chorar de emoção a minha maratona parecia que acabava ali sem antes ao menos de começar, ela não perderia a largada. A encontrei encolhida tremendo de frio, sei que demorariamos muito para passar pelo pórtico mas perder o tiro da largada sem estar na sua posição psicologicamente faz mal.

O resto queridos, é o resto de uma longa corrida de 4h37 (meu tempo de Porto Alegre), começamos forte e nas minhas contas terminariamos com 4:15, mas ela sentiu e foi diminuindo, o objetivo era até 5hs, e chegamos juntas de mão dadas com 23 minutos de lambuja. Muitas descidas e subidas, pit stop no banheiro, vento forte, frio, 43.000 incriveis corredores, muita história para contar, muita superação e uma sensação de dever cumprido inegualável. Passar pela linha de chegada me fez mais uma vez perceber que tudo é possivel ao que crer.

Plagiando o grande amigo Ruy que citou Dean Karnazes segue a sitação que emociona e fez a minha mãe chorar diversas vezas após o grande feito:
"Cruzar a linha de chegada de uma maratona pela primeira vez é um momento com consequências para toda a vida. Ao fazê-lo, prova-se algo para si mesmo que jamais será tirado. Deixa o evento com sinais evidentes de que se é forte, jovial e corajoso. Uma coisa é imaginar que se tinha capacidade para correr uma maratona; outra bem diferente é saber por que o fez.
...
A coragem surge de diversas formas. Hoje você descobre a coragem para continuar tentando, par anão desistir, por mais terríveis que as coisas se tornem. E elas se tornarão terríveis. Na marca do quilômetro 40, você quase não conseguirá ver mais o percurso, a visão se torna vaga e vacilante ao mesmo tempo em que a mente oscila nos limites da consciência.
...
Sua explosão ao cruzar a linha de chegada, cheio de orgulho, para sempre livre da prisão da insegurança e das limitações autoimpostas que o mantiveram prisioneiro.
Você aprendeu mais sobre si mesmo nos últimos 42 quilômetros do que em qualquer outro dia de sua vida. Mesmo que não consiga andar mais tarde, você nunca foi tão livre. Completar uma maratona é mais do que apenas algo que se ganha; um maratonista é alguém em quem você se transforma. Enquanto estiver sendo ajudado na linha de chegada, mal conseguindo levantar a cabeça, você está em paz. Nenhuma luta, dúvida ou fracassos futuros podem remover o que você realizou hoje. Você fez o que poucos farão - o que pensou jamais conseguir fazer, e é o despertar mais glorioso e inesquecível. Você é um maratonista e usará essa distinção não na lapela, mas no coração, para o resto da vida"

É sim, foi assim, com apenas 3 longões acima de 21 km eu vi minha mãe como presente de 50 anos ganhar uma distinção de maratonista no coração, e a medalha foi só para representar a força de uma mulher que saiu de muito longe para chegar onde chegou. Sempre lutou e não desiste de uma batalha quando o objetivo é realizar um grande sonho.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um adeus de um grande parceiro

É com dor no coração que comunico a perda de um parceiro. Sabe aquele parceiro inseparável, sempre presente esteja você em treinos com os amigos ou em treinos solitários sob sol escaldante ou sob temporal, pois é.

Nesta quinta feira meu parceiro se despediu enquanto estavamos num delicioso treino de frente para o mar, não disse muito, só se jolgou ao chão num sinal de que ele não aguentava mais aquele tranco todo, aquelas madrugadas em claro e todo o meu desespero em estar na rua para correr, andar, sei lá!
Ele ainda pensava (não foi morte cerebral), mas aquele objeto que o ligava fortemente a mim já não era útil, já não aguentava mais ser remendado, já era! Ele oxidou muito, ficou bem acabado, estava até meio vergonhoso, sequelado, mas eu o amava feiosinho daquele jeito mesmo afinal ele estava comigo em TODOS os momentos nesses ultimos 4 anos, principalmente naqueles que eu pensava em desistir e ele me anuciava que faltava pouco, e que se eu acelerasse chegaria mais rápido. Foram incontáveis km's emocionantes juntos.

Ele se foi, meu Garmin se foi. Descanse em paz querido. Sei que posso ter te feito sofrer na semana passada quando anunciei a sua troca por um mais novo, mais moderno e mais potente, mas você é parte eterna em minha vida, e de forma alguma pensei em te inutilizar. Só iria te ajudar num revezamento, te deixando para os treinos mais perigosos e emocionantes, te poupando assim do dia a dia.

Vou parar agora, minha cabeça doi quando eu me emociono e choro. Mas essa dor vai passar, sempre passa, só preciso de um tempo. Devido as suas condições, preferi manter o seu caixão fechado e não postar fotos.

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P.s: essa semana foi o ultimo longão da minha mãe, 32 km, e vou te contar, ela está mais preparada que eu... Eu ainda estava chorando as magoas do meu querido, meio deprê, mas foi tudo bem. Fizemos o treino em 3h44. Agora é arrumar as malas, estou louca para ver a sua emoção ao chegar.